21 de dezembro de 2008

"depressão"

do Lat. depressiones.
s.f.,
acto de deprimir;
abaixamento devido a pressão;
baixa de terreno;
abaixamento de nível, quebra;
baixa;
área de baixa pressão atmosférica;


a pressão, o nível, a área e o terreno. quase um manual de auto ajuda esse Aurélio.

19 de setembro de 2008

hoje

sinto uma angustia todo dia. parafrasear não seria correto, então defino entrelinhas. falo do que flameja em mim. é como uma camada elástica grudada na pele e que com o tempo vai sendo puxada, fazendo-se menos em você, mas pressionando o que sobra com um peso maior ainda da ausência. objetivos com essa sensação tenho vários. inclusive o de pretensiosamente explicá-la. é falta sem ausência. uma metáfora da saudade. um sinônimo de frio. um substantivo de uma oração sem sujeito, que prejudicado pelo adjetivo se reconstroi em vírgulas. há sempre algo mais, e mais nada ao mesmo tempo. é vazão pro lúdico da ausência, da fantasia de existir algo inatingível. sempre descrevo frivolidades pra Realidade. ela, por si só, ausente na ausência, trava guerra com essa sensação. são idas e voltas num rodopio sem fim. repetitivo que se esvai na ausência.

e ausência é a única coisa que tenho presente.

10 de setembro de 2008

em tempo.

humilhação, paixão, dor, ausência. experimentei pela primeira vez todas essas sensações ao mesmo tempo. realmente me sinto deslocado. não há motivo real pra entender. sei que não se trata de um coquetel agradável de sensações. sei que engolir seco cada uma destas faz crescer um moinho de ausência. um moinho no topo de um desfiladeiro com uma visão privilegiada de um bosque de árvores altas, com clima nebuloso. é sentir sem poder falar, sem conseguir expressar realmente o que se sente.
sinto falta. de algo que não sei o que é.
talvez de infância. talvez de coragem.
o problema é a falta...
ou a infância...
ou a coragem.

12 de maio de 2008

textextenso

O que há com o ser humano?
Alguns dizem: “pára o mundo que eu quero descer”. Não há solução. Também não gostaria de escrever um texto de auto-ajuda, mas me senti obrigado. Sabemos que alguns problemas básicos assolam a humanidade: falta de comunicação, falta de tolerância e falta de benevolência são os piores. Voltamos a era da Torre de Babel. O problema é que muitos falam o mesmo idioma e mesmo assim não conseguem se entender.
Podemos culpar o egoísmo que está mais em moda, interesses pessoais, ou uma espécie de grito mundial de libertação do sofrimento unilateral. Ninguém quer mais sofrer. É muito mais fácil se apegar a idéia de que o sofrimento faz mal e que o interessante é cuidar da tal auto-estima. Esperem! Quem falou uma barbárie como essa?
Você pode estar achando esquisito que eu ignore a auto-estima, o que na realidade não estou fazendo. Só estou tentando entender porque o sofrimento é uma coisa ruim e tem que ser evitado, que temos que fugir a todo custo dele. De antemão não estou sendo pessimista, apenas acredito que sofrer é uma forma de aprender. Não se viciar na dor!; como muito acontece, mas defendo uma forma de conviver com a dor sem que ela precise ser completamente ignorada.
Aprendemos que queima quando nos queimamos e assim por diante. Fugir da dor é a melhor forma de encontrar outras formas de se machucar. Como por exemplo uma mulher que deixada pelo marido recorre a diversas formas de esquece-lo o mais rápido possível, quando no muito se afoga em recursos que viciam. Porque não encarar as coisas de maneira mais simples?
Quantas pessoas passaram pela minha vida e me pediram um conselho em um momento de dor?! Mas algumas nem se tratava de dor. Aparentava mais desespero em sentir a dor do que a dor em si. Como se sufocasse mais do que realmente pesa, dando assim um tom dramático às vezes a situações simples.
Muitos escrevem que não existe problema, concordo. Apenas formas diferentes de se viver situações. Nada, repito, absolutamente nada é tão significativo que possa pesar por uma vida inteira. O momento tem que ser abstraído. Amanhã é uma melhor palavra, porque o hoje já é fato. Debruçar-se nos problemas como a única forma de resolve-los é, sinceramente, a pior coisa que se pode fazer. Muitas das situações que já escutei se resumem simplesmente a uma única coisa: falta de comunicação. No sentido mais amplo onde podemos incluir sinceridade, cumplicidade, boa vontade e humildade.
Claro, não são valores que abrimos a geladeira e os encontramos lá esperando por nós, mas também não querer tê-los não vai fazer com que um dia eles venham até nós e entrem na gente.
E nesse exato momento do texto eu me pergunto: porque mesmo eu estou escrevendo isso? De que adianta se o que fundamenta todas as nossas atitudes é o que realmente acreditamos junto com tudo aquilo que aprendemos dentro de casa? Eu teria que mudar lares, teria que mudar convicções, ideais. E aqui acaba um teórico texto de auto-ajuda, morto, sem utilidade. Perdi talvez a vontade de ajudar pessoas, descrente de que isso é possível. “Mas alguém vai gostar!”. Que bom. Mas não vai fazer com que este não passe apenas de mais um texto inútil de auto-ajuda.
E agora eu virei pessimista. A quem eu tenho que ajudar mesmo?

6 de maio de 2008

prefixos

até a própria palavra que os define possui. o problema é quando eles tomam conta de você. como predestinado e impróprio. há enlaces indiscutíveis. situações. a coisa em si é radical, o que antecede ao fixo é "pré". em alguns casos o radical é reprimido por algo antes e depois. de qualquer maneira forma palavras irresponsáveis. e porque não culpar as palavras? antes fosse capaz de traduzir, mesmo que em lingua própria, o que define algumas coisas.
há poesia que diz ser indefinível, outras no intúito de descrever.
várias que possuem somente a intenção.
algumas que conseguem perceber.
e quando não é poesia sempre se tornam insuficientes.

não tento mais descrever. sinto. tanto falta como a "coisa" em si.
e como qualquer escrito, faltam injúrias.
e é exatamente onde falo sobre minha personalidade forçada.
a de parecer ser mais forte do que realmente se é.
a de ter que esquecer porque de alguma maneira "impróprio" é mais forte do que "predestinado".
e "predestinado" perde seu prefixo, e destinado continuo como impróprio.
e o "radical", "destino", ainda brinca com as palavras que uso pra descrever.

20 de abril de 2008

o mundo.

existem. várias de se dizer a mesmo coisa. e de se enxergar algo, de se entender. procuro a fórmula ou forma. nos encontros e desencontros encontro pessoas que abandonaram o que eram pela pressão do mundo. pessoas que acreditavam em bem, que desejavam o bem e que dizem ter aprendido que "com o mundo não se pode lutar", que não se deve ser "certo". fora a falta de informação e a unilateralidade que na maioria dos casos amplia os problemas entre pessoas, existe a vontade, esta que não entendo por completo ainda, que é de "sair-se melhor na situação". confesso: não sou melhor que qualquer um, mas certas coisas não consigo compreender. sentimentos como orgulho. tenho, mas evito. e percebo que grande parte de várias situações desagradáveis são geradas pelo mesmo. existe uma necessidade quase animal de não perder, de estar certo, de convencer, de não sofrer. como procuro sempre o mais íntimo motivo dos problemas, acredito que o medo de sofrer tem criado proporções que nos levam a inventar novas formas de defesa. e o tal pecado perdeu sentido na ação voluntária e se transformou em atitute defensiva, em transferência de responsabilidade. tudo bem, não pretendo ser escritor de livros de auto-ajuda, mas gostaria de entender como, mesmo evoluindo, conseguimos chegar a este ponto.
sim, o ser humano é frágil e volátil.
sim, mudanças requerem novos comportamentos.
sim, não parariam para mudar.
sim, vou continuar sem entender.
não, não sou obrigado a aceitar.

9 de abril de 2008

fala quem quer sobre o querer falar

nem sempre. silêncio também é opção. casos, não nego, falar ainda é opção. democracia linguística, sentimental, viceral, interna, circulante e seus outros gêneros. há formas de se calar, e melhores de se dizer algo em silêncio. há também silêncio mudo, que muta, transforma mesmo sem mensagem. há mensagem que mesmo dita não silencia. e há silêncios que omitidos incomodam. o som, mesmo quando cessa, não deixa de reverberar. não são ecos. é resquício do que se começou sem imaginar fim. é um cuidado que não se propicia. é um propício que sempre acontece.

e no final não interessa o dito. nem o silêncio.
é mais confortável permanecermos surdos.
porque mudos, todos somos.

19 de março de 2008

repensando o impensável.

morte. universo. fim. alma. crença.

nos limites do apresentável como sólido, só me resta uma distinção: nem todo fim é fim. e nem todo começo é começo. enfim, o cíclico de sempre. mas é angustiante. notoriamente angustiante. é o "ser" percebendo-se. saber que existe algo além, indomável. o conseguir pensar em nada. é perceber que esqueceram de explicar a gente o restante destas coisas na fase de colégio. ou mesmo perceber que se citaram algo, foi superficial. assim como tudo, enquanto se pensa em nada, se transforma em superficial. paradoxal como qualquer discurso que envolva: sombra e luz, tudo e nada, céu e inferno... tudo por si, gera cíclico. então, "crença. alma. fim. universo. morte.".

5 de março de 2008

uma última forma.

é que ninguém entende isso. precisam sempre de várias afirmativas e de concepções semi-prontas pra que não se coloque em prova o real sentido das coisas. não nasci assim, do jeito que me querem. sei sofrer do meu jeito. se me perguntarem porque, a resposta é simples: ser feliz nem sempre se trata de possuir algo eternamente. por vezes, possuir o sentimento por algo é mais importante. pode parecer contentamento. pode parecer covardia, forma distorcida de enxergar realidade. mas as vezes é a melhor forma de viver realidade. de perceber que nem tudo é unicamente sólido e eterno. existe posteridade sem sofrimento. é que razão tem escolhas que o sentimento não quer entender e sentimento escolhas que a própria razão desconhece.

nem todo vaso quebrado se transforma em pedaços.
são apenas cacos, uma nova forma de se enxergar um vaso.
não é porque deixou-se de ser Todo que deixou de ser totalidade.
não é porque não se possui algo que algo lhe possui.
sem ternos momentos fraternos!
o que disserem não passa de eco daquilo que já disse à mim mesmo.
não insistam...

13 de fevereiro de 2008

sobre vícios.

tem de vários gêneros, cores e crédulos. tem vício que ama. e gente que é viciada em amar. tem vício que é bebido por todos e aqueles que vem com receita. tem do tipo magro, do tipo gordo. vício. desses que fazem mal, outros que viram rotina. outros que quebram, outros que fumaçam.

dentro do vício existe a dependência. aquela que fortifica o vício, que alegra o dia-a-dia de quem é viciado.

os meus são vários. dei nome a todos. crio soltos.

pessoas, o vício mais intrigante que possuo.
fora meus problemas de ego.

6 de fevereiro de 2008

"carne nada vale"

ou àdeus a carne, ou carnaval como preferirem. de fato nada de "nada vale". digamos que supra sumo essencial. valorativo e significativo. produtivo em muitos casos. outros por vezes lucrativo. enfim. de que interessa estilo então se o culto prevalece. parece então este texto manifesto?


talvez apenas resquícios de uma difamação da temporalidade.
ou apenas o fato de não ater algo a simbologias freudianas, digamos assim.
termo técnico: pessimismo. informalmente falando, talvez seja apenas o gosto ruim de uma quarta-feira de cinzas. cinza por sinal.

e tudo culpa da lua, do dia dos reis, da quaresma e daqueles que iventaram messias e igreja.. por fim, para qualquer ser comum, apenas cinco "domingos" repetidos no meio de uma semana.

graças aos reis. e já que de nada vale a carne nesse momento, sobra o manifesto de algo que me ensinaram a chamar de espírito, alma, inconsciente e sobras de um caráter que não escolhi ter.

3 de janeiro de 2008

tem que mostar que é arte

quantos discursos ainda escutarei de que "arte é...". claro que vários e tantos já ousaram pensar nisto e qualquer definição que eu venha a inventar como forma de encaixar a minha vai se encaixar com a de alguém que já tentou. portanto me reservo ao que a maioria faz, finjo que é, digo que é até que alguém acredite. tem que parecer pelo menos. é que disseram que texto não é arte, é a cientificidade de transformar sentimentos em letras, o que pra uns é impossível. sorte a minha que trabalho dissecando sentimentos ruins e suas possibilidades. ou não, apenas escolhi um caminho experimentalista pessimista, porque ou é pessimista ou é esperançoso. as pessoas não costumam acreditar em realista porque tudo é tendencioso. pra que alongar então?

o que eu faço é arte. e o que você faz?

não se preocupe, de alguma forma é arte também.

1 de janeiro de 2008

desculpas de novo ano

antes nem sempre é melhor que agora, mas antes tem gosto de felicidade congelada pronta pra reaquecer. é como infância bem vivida, queda da qual você mesmo ri. o passado apaga, em alguns casos, o que de ruim sentimos. mas quando guarda, potencializa dor e sofrimento. é culpa do passado se algo existe hoje, e o futuro é sempre desejado como algo interessantemente frágil. é que escolheram data pra que paremos e pensemos em passado e em futuro no presente momento. desejo de melhora e esquecimento do ruim. que tipo de reflexão se fundamenta em passado e futuro!?

pode parecer óbvio demais que seja assim que devamos refletir, mas talvez se refletir fosse buscar a calma do momento, não perderíamos tanto tempo com remorsos e promessas que nunca irão se cumprir.

feliz ano novo? vida nova?

que tal... cuidado com o que vem e bem feito com o passado?
hã?! pessimista?

talvez sim, mas pelo menos não se trata de desejos permissivos, onde desculpamos sempre o passado acreditando em melhora através da providência divina.
o que faz com que desculpar-se seja uma coisa e inventar desculpas pra si seja outra.
qual dessas foi sua conclusão após refletir neste final de ano?