O que há com o ser humano?
Alguns dizem: “pára o mundo que eu quero descer”. Não há solução. Também não gostaria de escrever um texto de auto-ajuda, mas me senti obrigado. Sabemos que alguns problemas básicos assolam a humanidade: falta de comunicação, falta de tolerância e falta de benevolência são os piores. Voltamos a era da Torre de Babel. O problema é que muitos falam o mesmo idioma e mesmo assim não conseguem se entender.
Podemos culpar o egoísmo que está mais em moda, interesses pessoais, ou uma espécie de grito mundial de libertação do sofrimento unilateral. Ninguém quer mais sofrer. É muito mais fácil se apegar a idéia de que o sofrimento faz mal e que o interessante é cuidar da tal auto-estima. Esperem! Quem falou uma barbárie como essa?
Você pode estar achando esquisito que eu ignore a auto-estima, o que na realidade não estou fazendo. Só estou tentando entender porque o sofrimento é uma coisa ruim e tem que ser evitado, que temos que fugir a todo custo dele. De antemão não estou sendo pessimista, apenas acredito que sofrer é uma forma de aprender. Não se viciar na dor!; como muito acontece, mas defendo uma forma de conviver com a dor sem que ela precise ser completamente ignorada.
Aprendemos que queima quando nos queimamos e assim por diante. Fugir da dor é a melhor forma de encontrar outras formas de se machucar. Como por exemplo uma mulher que deixada pelo marido recorre a diversas formas de esquece-lo o mais rápido possível, quando no muito se afoga em recursos que viciam. Porque não encarar as coisas de maneira mais simples?
Quantas pessoas passaram pela minha vida e me pediram um conselho em um momento de dor?! Mas algumas nem se tratava de dor. Aparentava mais desespero em sentir a dor do que a dor em si. Como se sufocasse mais do que realmente pesa, dando assim um tom dramático às vezes a situações simples.
Muitos escrevem que não existe problema, concordo. Apenas formas diferentes de se viver situações. Nada, repito, absolutamente nada é tão significativo que possa pesar por uma vida inteira. O momento tem que ser abstraído. Amanhã é uma melhor palavra, porque o hoje já é fato. Debruçar-se nos problemas como a única forma de resolve-los é, sinceramente, a pior coisa que se pode fazer. Muitas das situações que já escutei se resumem simplesmente a uma única coisa: falta de comunicação. No sentido mais amplo onde podemos incluir sinceridade, cumplicidade, boa vontade e humildade.
Claro, não são valores que abrimos a geladeira e os encontramos lá esperando por nós, mas também não querer tê-los não vai fazer com que um dia eles venham até nós e entrem na gente.
E nesse exato momento do texto eu me pergunto: porque mesmo eu estou escrevendo isso? De que adianta se o que fundamenta todas as nossas atitudes é o que realmente acreditamos junto com tudo aquilo que aprendemos dentro de casa? Eu teria que mudar lares, teria que mudar convicções, ideais. E aqui acaba um teórico texto de auto-ajuda, morto, sem utilidade. Perdi talvez a vontade de ajudar pessoas, descrente de que isso é possível. “Mas alguém vai gostar!”. Que bom. Mas não vai fazer com que este não passe apenas de mais um texto inútil de auto-ajuda.
E agora eu virei pessimista. A quem eu tenho que ajudar mesmo?
Um comentário:
Eu me jogo, eu caio... eu levanto. Eu aprendo.
Fugir do sofrimento é fugir da vida, é fugir do que nos faz humanos. Não há nada que seja mais inerente ao ser humano que essa capicidade de sofrer de uma maneira tão externada, escancarada em palavras e lágrimas, pedindo socorro ou não. A gente aprende sozinho, a gente aprende com os outros... e, diferente dos animais, tantas vezes cometemos os mesmos erros depois da dor! Afinal, somos apenas humanos.
Suas palavras vieram bem a calhar hoje... ando tendo dias cinzas por aqui, e não é do céu de São Paulo que estou falando...
Um dia eu aprendo...
Amo-te!
Beijos
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