4 de março de 2009

pêlos, poros... pele

o corpo recria vida. recriar, a constância do indivíduo, a pele que queima, a chance de existir em totalidade limitando-se apenas a suor. que estimula, que cresce, que aquece e afaga, que transmite, que emite, que refugia, que serve de templo de uma promiscuidade fingida.

de sentidos, de vontade, de desejo, de euforia, de entregas, de malícia, de tristeza. reflete apenas. sentir... ...dizem ser na alma, e o corpo faz-se de intérprete de tudo isso. fala línguas, possui a sua, aceita outras.

limita, destrói, enfeita, finge, chora, dói, prende, sufoca, repreende, entorpece, alucina, condiciona, classifica, divide, empobrece, irrita, agride, violenta, bate, ofende e se desfaz em pó.

pele sem curvas viraria uma espécie de tecido sem estampa. a curva excita, imita infinito, deixa plástico o que na realidade não esconde o belo. quando se deseja pele, encanta-se primeiro com a estampa, deseja-se fazer parte da fibra, da linha, do trançado. e deseja-se cada milímetro, como se as bordas do tecido pudessem se desgastar. é medo de perder, e perder vontade. a palavra de peso indefinido, de conseqüências catastróficas, de resultados inesperados e de prazer insaciado: desejo.