22 de maio de 2009

cheiro

algo maior. sinto, sem saber o por quem. é caótico e incompreensível, mas queria entender. consigo prever futuro de maneira infantil, como se o nanquim e a cera que uso pra pintar não tivessem traços definitivos de um dom artístico. deve ser espiritual então. vejo, mas não sei o que. sei, mas não sei porque. somente tenho uma certeza de algo, que duvido e duvidam. é o cheiro do mundo que muda. uma ordem lógica dentro do caos. como se eu soubesse o resultado da fórmula de Murph. momentos suspensos. está para além, é meta-linguístico. um dia, quando não forem só palavras, quando eu fizer parte, de algo, talvez consiga enteder. espero um dia então poder usar o tal dom como forma de solucionar coisas maiores. fazer pessoas maiores, sentimentos melhores. é vazio repleto de complitude. antítese de uma idéia só e certa. apenas positiva, não-negativa e inegável.

e o cheiro do mundo mudou, mais uma vez.
o que virá...
...espero.

11 de maio de 2009

luz.

nunca pensei escrever sobre partida de uma maneira tão literal. dentre todos as crônicas que escrevi, talvez essa seja a mais difícil. porque não se trata de descrever sensações aleatórias de um tal mundo que imagino. nem tão pouco sobre achismos que sempre tive sobre a realidade, sobre sentimentos e pessoas. agora, fúnebre talvez, as palavras sejam mais escuras. desta vez uso literalmente um resto de tinta. não é o "ir", mas sim o "foi". trata-se de um ser humano que, acima de qualquer coisa, tinha um coração. pessoa essa, que mesmo só, soube estar presente ao lado das pessoas que convivia. confesso que sentia por vezes o olhar vazio deste amigo, mas vazio não de perdido, vazio de ausência de algo maior. talvez do filho que sempre quis ter, da família que sempre quis formar, dos projetos que estava realizando, de uma família que ele falava com os olhos cobertos de força de vontade. vazio por não ter, ainda. e "ainda" sempre foi uma palavra que usamos juntos em projetos. porque ainda é uma palavra que dá certeza ao que depende do tempo. e não poderia falar que o tempo, o destino, ou mesmo deus foram cruéis. talvez e ainda exista tempo pra tudo. tenho a certeza, nesses silêncios que nosso espírito faz, que nem todos os planos eram suficientes. porque ser pai, ter família e realizar projetos era o que ele já estava fazendo sem perceber. porque ao lado das pessoas que conheceu aqui, longe de sua família, ele teve irmãos, teve família, e realizou projetos. tudo ao seu tempo, e de uma maneira diferente.

e pela primeira vez escrevo essa frase...
"deus tem desígnios que o homem desconhece"...
e falo de deus, porque era o que esse amigo tinha como porto seguro...
e agora ele deve estar no porto, seguro.

muita luz