3 de maio de 2011

gastrofilosófico.

o ato de ingerir, trazer pra dentro de si algo que se quebrará e se transformará em você. da animalidade à elegância muito se trançou em busca de sabores ou de um sensorial rebuscado. onde estão os juízes de palatos discriminativos que denominam alimentos e criam cultura de melhorias? tornar tragável é ritmia, tornar saboroso é consequência de uma ciência aplicada. transformar em uma experiência inesquecível é fruto de uma alquimia que vai além das temperaturas e dos pudores sociais. estamos no rumo do diferente... e talvez comamos com as mãos novamente acessando um incosnciente coletivo, uma animalidade tanto repudiada; e assim se torne lúdico a miséria do talher, a falta do instrumento e a cópia de uma cultura que foi sustentada pela miséria. fazemos então gastronomia, ou selecionamos requinte improvável à quem não tem eira. alimentar-se. difícil se é porque não temos foco neste objetivo. queremos ludibriar os olhos sem favorecer o corpo, mesmo com a tentativa de equilíbrio. abrimos mercados, e fechamos nossos olhos pro pior do alimento, sua falta. o que realmente alimentamos com a alta gastronomia, claro que nem todos, são os nossos egos que sempre estão sedentos pela aprovação que cheia de critérios, muitas vezes não respeita o mais simples de nossos costumes. então globalizemos os sabores! façamos o feijão com arroz prato principal na mesa de qualquer nação! ou pelo menos, façamos o simples... aprendamos que alimentar-se é muito mais que favorecer os olhos. entendamos que respeito devemos ao ser humano, com dedicação ao alimento, mas não o transformando no foco de nossa jornada. alimentamos gente. e o alimento é nossa ferramenta, não os utensílios convencionais. porque através do alimento conquistamos gente, alimentamos pessoas, e confortamos algumas almas que necessitam de um pouco mais no ato de comer. e, por si só, desta forma a cozinha se transformará em um imenso laboratório espiritual.

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