28 de dezembro de 2007

velho

cresce, todos crescem. mas nem tudo morfa com o tempo. aquela ambulante citada por Raul talvez seja utópica demais. me permito a intimidade pelo processo semelhante de existência, em função de idéias e poesia concreta. o sonho de uma sociedade alternativa. diferente em ideais, mas ainda assim alternativa. mutuo e mutante, amor não sob vontade, mas por vontade própria. dar pernas a sentimento, deixar caminhar como se não houvesse rumo. é liberdade de sentir, inclusive o inverso do bom e do bem. porque equilíbrio é fruto de oscilação, de variar pelas variantes. é, sem sombra de dúvida, amor. não amor poético, nem o do "tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta", nem muito menos o "jamais passará". passa, acaba, tem fim. quem disser do contrário, pode ter certeza que delira na conjuntive do amor. tem fim e é sempre velho. mal interpretado e isolado, maltratado e tratante. isso é amor. esqueçamos o relicário da poesia que cega, fulminava em descrições cheias de inverdades.

o amor é um velho ranzinza, chato, que definha aos poucos, esperando qualquer visita de um antigo parente pra acreditar que ainda vale a pena.

e isso não é um manifesto, nem pessimista. é que realidade não vem coberta de confeitos nem enfeites.

18 de dezembro de 2007

cronologia de algo

vou pedir pro futuro voltar....




...é que o passado sente saudades,





principalmente depois que o presente se foi.


é que cada letra antes escrita faz parte do passado. é que nada do que for escrito após pode ser previsto. nem mesmo se você reler tudo.

crime

atire contra as paredes. acerte-as no ouvido. e assim haverá solidão.

crônica para crônicos

existe um quadro abstrato de cabeça para baixo. o que faria você desvirá-lo?
eis a metáfora da realidade.

momento suspenso

tudo existe com finalidade. e ter fim por si só é a melhor característica de tudo que existe. acreditar em infinito, em eterno, em perfeição, em felicidade, é a forma lúdica de não aceitarmos o fim. somos Latentes em delírio. fulminantes no que diz respeito a crer. e somos vivos. e estamos vivos. e crer ou não, trará fim. crer em qualquer coisa, seja viva ou infinita, só confirma o fato de sermos pouco. pouco e próximo sempre de fim. tudo, com sua finalidade não desvia a lógica natural. há não ser o homem. vamos então acreditar em fim. e invento-lhes o deus Fim. em sua mitologia, nada do universo é infinito. o próprio Fim vive em constante oscilação, existindo a partir da falta de existência. formando novos fins, mais finalidades que não serão eternas. Fim, como deus que é, não vaidoso, permite uma linha tênue para que cada um decida o que fazer no intervalo mais intrigante de toda a existência: o momento suspenso. só entendemos vida porque temos memória e acreditamos que o tempo, maior ilusão que vivemos, é o suficiente pra definir trajetória. é nesse momento suspenso, parte insignificante do todo, que acreditamos, cremos, imaginamos e alucinamos em busca de objetivos que fogem da natureza do deus Fim. e é nessa ilusão que construímos vida, que formamos histórias, que construímos humanidade, que fixamos vida em um espaço abstrato do todo, que esperamos sempre, que nunca estamos dispostos a acreditar que não existimos, que não estamos apenas cultuando fim, sem entender onde iremos parar. aliás, até sabemos, já que tudo não passa de fim.

e fim, é sempre um começo constante. nem de vida e nem de morte. é só a prova da existência de um momento suspenso.