3 de novembro de 2009

amor.

entendi. não o que é, mas o que faço com ele. acho que não vivo, tento entender. faço de mim um laboratório interminável de sensações. e protejo de mim. do mal que faço a mim mesmo. e que sei cuidar das dores do amor, dos outros. e que consigo ajudar alguém a amar e acreditar em amor. mas não consigo viver... entendi que amor é quando falta ar, quando a gente cai mesmo sendo inteiro. mesmo quando não falta metade, mesmo quando se está completo; nem que seja de si mesmo. não sou inteiro, apenas pedaços. porque destruo querendo consertar. tentando fazer melhor alguém que já é o necessário. eu penso amor, não sinto. e sentindo penso, como amar direito. e entendi que não há formas de amar certo. há amor, e ele dentro de pessoas. não sofro, apenas não sei vivê-lo direito. não do jeito que esperam de mim.

sou somente isso.
metade de algo que não se completa.
completo de algo que não tem metade.

30 de outubro de 2009

à ela.

talvez um dia entenda a liberdade. o estar e ser livre, ligações em verbos que sem propriedade para prender, deixam ir. paradoxal talvez, porque o que sentimos nos prender a algo e este algo pode se chamar liberdade, presa. ao que nos dedicamos, ao que entendemos como sentido maior, isso fará da gente limitado. o sonho, mesmo que pequeno, nos prende em uma busca inevitável. então é melhor entender que estar preso por vontade ainda é uma opção. seguir uma busca universal, uma linha limítrofe, um paradoxo perfeito. não quero ser mais do que sou, e sendo entender... não quero objetivos inatingíveis como mudar o mundo. vou mudando pessoas, poucas, mas que em memória um dia terão apreço, por si. pela melhora que fizeram consigo. que, claro, não será minha culpa, nem do mundo. simplesmente por entenderem, algo.

e eu entendi.
livre, só o espírito.
presa, só a vontade.
espírito, somente cacos.
vontade, só a de ter espirito...
para ser livre.

21 de setembro de 2009

12 de agosto de 2009

diz ser "nimento"

ter sobriedade... construir uma linha não tendenciosa de lógica parece incrivelmente impossível. a informação incompleta, o direito de dizer e escutar. a certeza através de ditos alheios, a sensação roubada ou influenciada por alguém. em síntese, ser humano. engraçado como nos escondemos por trás do alheio, do controverso, do resumo como papiro da verdade. pior, acreditamos para o pior. antevemos alguém e acreditamos na palavra dita arbitrariamente. reproduzimos cópias infiéis do ser. queremos o caótico, e nos divertimos com ele. e fazer... nada. como todo fim, nada acontece para que tudo faça sentido. os meios, silenciam e esquivam. postas, palavra de frente com palavra aí sim, surge, ainda tonta, uma fagulha de verdade. são ditos populares, ditos. mas não máximas, amenas. incrível sempre será a pureza humana, repleta de inveja, ciúmes, vaidade, rancor e amor. não, não é um circo. é gente de pele, pó, poros e pêlos.

e nem se prevê final nessa odisséia.

22 de maio de 2009

cheiro

algo maior. sinto, sem saber o por quem. é caótico e incompreensível, mas queria entender. consigo prever futuro de maneira infantil, como se o nanquim e a cera que uso pra pintar não tivessem traços definitivos de um dom artístico. deve ser espiritual então. vejo, mas não sei o que. sei, mas não sei porque. somente tenho uma certeza de algo, que duvido e duvidam. é o cheiro do mundo que muda. uma ordem lógica dentro do caos. como se eu soubesse o resultado da fórmula de Murph. momentos suspensos. está para além, é meta-linguístico. um dia, quando não forem só palavras, quando eu fizer parte, de algo, talvez consiga enteder. espero um dia então poder usar o tal dom como forma de solucionar coisas maiores. fazer pessoas maiores, sentimentos melhores. é vazio repleto de complitude. antítese de uma idéia só e certa. apenas positiva, não-negativa e inegável.

e o cheiro do mundo mudou, mais uma vez.
o que virá...
...espero.

11 de maio de 2009

luz.

nunca pensei escrever sobre partida de uma maneira tão literal. dentre todos as crônicas que escrevi, talvez essa seja a mais difícil. porque não se trata de descrever sensações aleatórias de um tal mundo que imagino. nem tão pouco sobre achismos que sempre tive sobre a realidade, sobre sentimentos e pessoas. agora, fúnebre talvez, as palavras sejam mais escuras. desta vez uso literalmente um resto de tinta. não é o "ir", mas sim o "foi". trata-se de um ser humano que, acima de qualquer coisa, tinha um coração. pessoa essa, que mesmo só, soube estar presente ao lado das pessoas que convivia. confesso que sentia por vezes o olhar vazio deste amigo, mas vazio não de perdido, vazio de ausência de algo maior. talvez do filho que sempre quis ter, da família que sempre quis formar, dos projetos que estava realizando, de uma família que ele falava com os olhos cobertos de força de vontade. vazio por não ter, ainda. e "ainda" sempre foi uma palavra que usamos juntos em projetos. porque ainda é uma palavra que dá certeza ao que depende do tempo. e não poderia falar que o tempo, o destino, ou mesmo deus foram cruéis. talvez e ainda exista tempo pra tudo. tenho a certeza, nesses silêncios que nosso espírito faz, que nem todos os planos eram suficientes. porque ser pai, ter família e realizar projetos era o que ele já estava fazendo sem perceber. porque ao lado das pessoas que conheceu aqui, longe de sua família, ele teve irmãos, teve família, e realizou projetos. tudo ao seu tempo, e de uma maneira diferente.

e pela primeira vez escrevo essa frase...
"deus tem desígnios que o homem desconhece"...
e falo de deus, porque era o que esse amigo tinha como porto seguro...
e agora ele deve estar no porto, seguro.

muita luz

4 de março de 2009

pêlos, poros... pele

o corpo recria vida. recriar, a constância do indivíduo, a pele que queima, a chance de existir em totalidade limitando-se apenas a suor. que estimula, que cresce, que aquece e afaga, que transmite, que emite, que refugia, que serve de templo de uma promiscuidade fingida.

de sentidos, de vontade, de desejo, de euforia, de entregas, de malícia, de tristeza. reflete apenas. sentir... ...dizem ser na alma, e o corpo faz-se de intérprete de tudo isso. fala línguas, possui a sua, aceita outras.

limita, destrói, enfeita, finge, chora, dói, prende, sufoca, repreende, entorpece, alucina, condiciona, classifica, divide, empobrece, irrita, agride, violenta, bate, ofende e se desfaz em pó.

pele sem curvas viraria uma espécie de tecido sem estampa. a curva excita, imita infinito, deixa plástico o que na realidade não esconde o belo. quando se deseja pele, encanta-se primeiro com a estampa, deseja-se fazer parte da fibra, da linha, do trançado. e deseja-se cada milímetro, como se as bordas do tecido pudessem se desgastar. é medo de perder, e perder vontade. a palavra de peso indefinido, de conseqüências catastróficas, de resultados inesperados e de prazer insaciado: desejo.

27 de fevereiro de 2009

secou...

acho que a tinta acabou. e é difícil arranjar um refil.

por harold saboia